
Instituto Química de Araraquara é referência internacional
em pesquisa com Fibras Ópticas.
Laboratório de Materiais Fotônicos desenvolve aplicações
para telecomunicações, biomedicina e sensoriamento remoto.
Por
Rogério Mascia Silveira.

O Laboratório
de Materiais Fotônicos do
Instituto de Química
da Universidade Estadual Paulista (Unesp) é o mais aparelhado centro acadêmico
do País de pesquisa e desenvolvimento de fibras ópticas. Instalado no câmpus
de Araraquara, é o único da América Latina que dispõe de duas torres de
puxamento de fibras ópticas, dispositivo tecnológico utilizado nas áreas
de telecomunicações, sensoriamento remoto de estruturas de concreto e biomedicina.
A pesquisa é centralizada
nos materiais fotônicos, cujas propriedades físico-químicas, térmicas, elétricas
e mecânicas permitem a transmissão de dados na velocidade da luz, de 300
mil quilômetros por segundos. As malhas com redes de fibras ópticas têm
aplicações distintas em rodovias, ferrovias e em ligações subterrâneas e
marítimas, capazes de interligar até mesmo continentes. Os sinais luminosos
da fibras ópticas transportam dados, voz, filmes, imagens e qualquer tipo
de informação.
O grupo de cientistas é liderado
pelo professores Younès Messaddeq
e Sidney José Lima Ribeiro. Sua equipe é composta por estudiosos de diversas
nacionalidades, como o russo Igor Skripacheve, que desenvolve fibras a partir
de sulfetos de arsênio e de germânio, alunos bolsistas franceses e pesquisadores
brasileiros como Édison Pecoraro. Os estudos investem no aprimoramento de
novas bandas para transmissão de dados e de sinais de alta potência.
Melhores soluções
A
tecnologia de desenvolvimento de fibras ópticas é conhecida em diversos
laboratórios brasileiros e internacionais de pesquisa de ponta, que competem
entre si para oferecer as melhores soluções. "O desafio dos pesquisadores
da Unesp é produzir novos materiais que possam contribuir com a sociedade
em diversas aplicações", comenta Messaddeq.
"É crescente a demanda das
empresas por fibras ópticas que suportem volumes cada vez maiores de transmissão
de dados. Elas serão usadas em sistemas como a TV digital de alta-definição,
aplicações em telefonia celular e tecnologia da informação", explica.
Messaddeq conta que o campo
para pesquisas sobre o tema ainda é bastante fértil. "Quem tiver mais e
melhores opções para o uso das fibras, tende a se sair melhor na disputa
por mercados. O investimento em tecnologia nacional possibilita baratear
produtos e reduzir a demanda pela importação de componentes", expõe.
Outra preocupação permanente
do laboratório é a reposição e formação de novos pesquisadores. "Investimos
em alunos de graduação e pós-graduação que fazem estágio e cursam disciplinas
obrigatórias e optativas nas áreas de química, física e aplicações industriais.
O sucesso dos trabalhos também depende deles", finaliza.
Torres de puxamento

As duas torres de puxamento
de fibras ópticas têm em média dez metros de altura. Segundo
Édison Pecoraro, pesquisador
pós-doutorado do laboratório, a distância é necessária para que aconteça
o resfriamento da fibra, que tem como matéria-prima um pequeno bloco de
vidro com características especiais do ponto de vista físico, químico, térmico,
mecânicas e ótico.
"O processo se inicia no
alto, com o derretimento do material em um forno de resistência de grafite
que funciona a aproximadamente 1800 graus Celsius. Esse processo origina
uma gota de vidro que por gravidade se desloca para baixo, formando atrás
de si a fibra que se tornará cada vez mais fina com o deslocamento que vai
pingando e afunilando até chegar embaixo, até atingir a espessura desejada,
que pode ser até mais fina que um fio de cabelo", explica. "Depois, ele
vai sendo enrolada e colocado em bobinas", comenta.
Édison explica que o investimento
na pesquisa de fibras ópticas possibilita empresas como a Petrobras economizar
recursos em processos de dificil execução. "Imagine em uma rede ultramarina,
onde os cabos são fixados a cinco mil metros de profundidade, no alto-mar,
ser necessário fazer um reparo em uma rede de comunicações, cujo cabo tem
60 centímetros de diâmetro, e só existem quatro navios no mundo capazes
de fazer o conserto", relata.
"É preciso retirar o cabo
que pesa algumas toneladas com um guindaste até a superfície, serrar o revestimento
externo, trocar o ponto defeituoso, fechar novamente e recolocá-lo. Assim,
é mais barato substituir estes sistemas eletrônicos por equivalentes óticos,
que têm menos peças e custo final, exigem menos manutenção e oferecem maior
eficiência", salienta.
Patrocínios
Os projetos de pesquisa têm
patrocínio público da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
(Fapesp) e do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq). Entre os parceiros
e clientes privados, estão instituições como
Ericcson (Suécia) e Verillon
(Estado Unidos).

Fonte: Informativo
UNESP PROEX
http://proex.reitoria.unesp.br
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