Grupo do IQ participa do Projeto Giga

O Giga é um projeto nacional que pretende montar uma rede experimental de alta velocidade de transmissão de dados, 10Gb/segundo, muito mais veloz do que as redes atuais, que transmitem entre 56kb/segundo (acesso discado) a 512kb/segundo (acesso banda larga, tipo ADSL, conhecido como Speedy).

O Projeto GIGA é fruto de uma parceria entre o CPqD, maior centro nacional de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em telecomunicações, e a RNP, que desde 1992 provê serviço Internet para a comunidade nacional de ensino superior e pesquisa. Ele conta com a participação de quatro operadoras de telecomunicações (Embratel, Intelig, Telemar, Telefônica), que cederam fibras ópticas sem ônus, e com financiamento de R$ 53 milhões do Fundo de Desenvolvimento de Tecnologia das Telecomunicações (FUNTTEL).

O Giga conta com cerca de 20 grupos de pesquisa de diferentes universidades para desenvolver a tecnologia necessária para que a rede opere com uma velocidade tão alta. Sendo o único grupo de pesquisa de desenvolvimento de materiais, o Laboratório de Materiais Fotônicos (LAMF) do Instituto de Química que há 10 anos desenvolve materiais especiais para aplicações óticas e não-óticas.

O LAMF, liderado pelos Profs. Younes Messaddeq e Sidney J.L. Ribeiro, conta com cerca de 30 pessoas, entre mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos, professores visitantes e graduandos do Instituto de Química. Este grupo teve dois projetos de pesquisa aprovados no âmbito do Projeto Giga, cuja assinatura dos contratos aconteceu no último dia 7 de maio no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) em Campinas com a presença de várias autoridades, entre elas os Exmos. Ministros das Comunicações, Eunício Oliveira e da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos.


À partir da esquerda, Prof. Sidney, Prof. Younes, Ministro das Comunicações Eunício Oliveira, Presidente do CPqD Helio Graciosa e Assesor da PROPP Prof. Dr. Bruto Max Pimentel Escobar.

A equipe do LAMF vai desenvolver nos dois anos do projeto parte da sua estrutura física, ou seja, trabalhar na preparação de fibras óticas especiais que serão necessárias em determinados dispositivos operando na rede. O Prof. Sidney explica que "todos os circuitos integrados que existem hoje envolvem corrente elétrica, os circuitos que desenvolvemos envolvem luz", conforme o sinal se propaga na fibra ótica ele pode sofrer alterações que prejudicam a leitura do sinal, essas alterações podem se dar por um alargamento temporal do pulso de luz e por diminuição da intensidade luminosa, devido à absorção de luz pelo vidro que compõe a fibra. Os dois projetos do grupo atuam nesse sentido.


À partir da esquerda, Prof. Younes, Prof. Murilo Araujo Romero (USP/SC), Prof. Sidney, Diretora do IQ Profa. Elizabeth Berwerth Stucchi e Assesor da PROPP Prof. Dr. Bruto Max Pimentel Escobar.

Um dos projetos aprovados se refere à "Preparação de Fibras Fotônicas para utilização em dispositivos de compensação de dipersão ótica", desenvolvido em colaboração com a USP/São Carlos, estes dispositivos de compensação mantém constante a frequência do pulso, por um mecanismo diferente do utilizado atualmente. O outro projeto se refere à "Preparação de fibras dopadas com terras raras para amplificação ótica", com colaboração da USP/São Carlos e Universidade Federal do Pernanbuco - UFPE, neste caso o material do qual a fibra é feita (óxido de germânio dopado com terras raras) é ideal para observação da emissão estimulada dos íons terras raras, que é responsável pela amplificação ótica promovida pelo dispositivo. Este dispositivo é necessário em linhas de comunicação muito longas como os 700km de extensão da fibra usada no Projeto Giga.


Foto do Opto & Laser Europe, p.28, 2004. Mostra um corte transversal de uma fibra fotônica. A primeira foto, cheia de furos, mostra a diferença da fibra com relação à uma comum, onde há apenas um tubo concêntrico dentro da fibra. Estes "furinhos" conferem a fibra propriedades especiais e permitem que ela seja utilizada em novos dispositivos de compensação de dispersão.

O grupo acha muito importante a participação do IQ neste projeto de alta tecnologia, "trabalhando como químicos, desenvolvendo materiais, o IQ mostra sua competência em preparar materiais de alta tecnologia". Em projetos anteriores, o LAMF conseguiu adquirir equipamentos cujo preço pode chegar a US$1 milhão, como é o caso da Torre de Puxamento de Fibras, a única utilizada em pesquisas e disponível numa universidade em toda América Latina. "Uma universidade que não desenvolve pesquisa de alto nível jamais teria a estrutura que nós temos aqui e jamais poderia formar a mão de obra qualificada que é formada hoje exclusivamente pelas Universidades Públicas", completam os professores.

Luciana Massi

04.06.2004

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